Monday, July 18, 2011

A Prefeitura e os camelôs

Atolada em escândalos de corrupção e desacreditada pela maior parte dos munícipes, a prefeitura de Campinas está lançando uma série de campanhas para "moralizar" a administração pública, dentre as quais se inclui uma maior fiscalização contra a pirataria e a possível transferência do camelodromo para a estação Fepasa. Trata-se, logicamente, de mais uma tentativa para desviar a atenção dos eleitores dos reais problemas e passar uma imagem de austeridade às custas da atividade dos menos favorecidos. Contudo, tais medidas abrem espaço para reflexões importantes a respeito do comércio ilegal e do empreendedorismo como um todo: sabendo que boa parte dos produtos comercializados por camelôs é de procedência ilegal e, consequentemente, financia o crime organizado, como combater esse lado nocivo da profissão sem retirar de um expressivo conjunto de famílias seus meios de sustento? Penso que a solução é mais simples do que parece e se resume, simplesmente, em reduzir drasticamente nossa hedionda carga tributária e abrir espaço para que aqueles que se empregam no comércio ilegal montem pequenas empresas e coloquem em prática suas habilidades de empreendedores - injustamente cerceadas por um sistema tributário e jurídico que não dá outra saída senão a inadimplência -, gerando renda para si mesmos, dinamizando a economia e - importante - reduzindo a clientela do crime organizado. Se isso não for feito, toda medida tomada para dificultar a vida dos camelôs não passará de mera demagogia ou de reforma urbana no sistema (falido) inspirado em Haussmann e Pereira Passos.

3 comments:

  1. É a política de "saneamento" do Dr. Hélio, inspirada no bota-abaixo dos positivistas do séc. XIX: você considera esses espaços e seus problemas como um câncer social que deve ser extirpado.

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  2. Como vc pode perceber, TODA a política urbanística do Sr Hélio é baseada nesse modelo falido. Basta ver o caso do "tolerância zero". No presente momento o agravante é que esse alarde em torno dos camelôs e da pirataria veio como subterfúgio para revestir a administração de uma imagem de "guardiã da moral e dos bons costumes".

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  3. vamos separar alhos de bulgalhos. apostaria que grande parte dos camelôs são realmente subempregados, e não empreendedores. olho vivo.

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